Sim, porque é preciso explicar. Canso de ouvir gente falando
“Noooossa, VOCÊ faz faculdade de moda?” Imaginem uma garota simples, calça
jeans, tênis e camiseta. Sim, essa sou eu. Eu não uso maquiagem, não passo
quilos de base, não passo perfume, só me arrumo pra sair. Gente que acorda cedo
e pega trem, metrô, ônibus, sabe como são sagrados os minutinhos a mais de
sono. Então como poderia uma pessoa assim criar e fazer “moda”.
Primeiramente, o que é Moda? Já discutimos isso algumas
vezes aqui. É Vogue, é marca? É aquilo que está no momento? É basicamente
qualquer coisa que seja criada por um designer? Talvez sejam todas as coisas. E
por isso muita gente confunde. Gente, ninguém anda pelado. Então seria uma boa
hora pra começar a pensar que moda não é tão inútil e desnecessário assim.
Inútil é criar uma redoma de preconceitos em volta disso, principalmente pelos
próprios “criadores de moda”. Fazer uma faculdade de moda é uma coisa PRÉ-
Vogue. É antes de decidir o que vai ficar nas revistas, o que a galera vai
usar. Isso SE você escolher seguir este caminho. Como eu disse, ninguém anda
pelado, e alguém precisa criar essas roupas. Desde as senhoritas fashionistas Julia
Petit até a minha avó, pessoa relativamente simples. E se vocês pensam que SPFW
é glamour, é grana, estão enganados. Só a taxa pra entrar, é alta, e os custos
de confecção às vezes não são cobertos pelo retorno. Claro, estamos falando de
marcas mais ou menos novas, tipo dez anos. Diferente de ter uma lojinha no Brás,
constante, simples e firme em seu estilo. Os maiores consumidores são classe B
e C, e você aí com preconceito de criar blusinha com estampa dos Vingadores.
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Coleção "Reconstruindo o Sistema" Inverno/2012 |
Então cabe ao adorável estudante decidir que caminho seguir:
dinheiro, fama, constância, liberdade de criação, tudo junto ou nada disso. A
partir disso, só resta fazer contatos, sair muito, escolher se você quer vestir
o que você é ou não. E aceitar que nem todo mundo entende isso; pra muitos, você
é sim o que você veste. E aceitar que, quanto maior o público direto, quanto
maior esse glamour, maior o personagem, a máscara que você tem de usar. E imperfeições
são inadmissíveis.
E por isso eu escolhi o outro lado. A liberdade de criação.
O contato humano. Porque eu não preciso estar impecável. Porque eu NÃO SOU
impecável. Que ser humano é? Quando eu entrei na faculdade, dois anos atrás,
entrei cheia de preconceitos, cheia de pedras. Eu tinha acabado de sair de uma
federal de alto nome. Mas, fui descobrindo, fui ME descobrindo. Me olham torto,
e é engraçado como muitas vezes sou EU que sofro o preconceito. Mas me mantenho
firme na minha decisão. Porque entrei com o desafio de sair do mesmo jeito:
sendo eu mesma. Quem quiser saber quem eu sou que me conheça. É mais difícil,
não vou negar. Mas a vida não é assim?
Para conhecer mais meu trabalho:
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