Olá pessoas, tudo bom?
Hoje, nessa vibe domingo-pós-eleição e sem clima nenhum pra
ficar olhando os desfiles mais recentes (CHATOS), resolvi aproveitar para
repensar alguns conceitos. Muitos amigos meus, principalmente os que me
conhecem desde... Bom, desde sempre, vivem me perguntado porque que eu entrei
na área da moda. Afinal, eu não gosto de combinandinho, não gosto de Caras, não
gosto de desfiles e não gosto do superficial. E vamos combinar, é mais ou menos
isso que nos restou hoje. Não só na área de moda né, cada vez mais as pessoas
se perdem entre aquilo que elas são e aquilo que os outros são. E no final,
todo mundo pensando assim, ninguém percebe que estão apenas criando um buraco
negro de coisas tortuosas (como os Crocs, ninguém merece os Crocs) em que
ninguém pede arrego primeiro porque não quer passar por uncool, mas todo mundo
aponta o primeiro que sai da rodinha. A verdade é que qualquer tipo de
massificação é um grande SNORE. As vezes nem foi essa a intenção, a criação
teve uma ideia legal de sair do obvio, de sair da mesmice, mas aí o mundo
inteiro tem a GENIAL ideia de ser especial, ser um individuo diferente, e...
ok. Agora todo mundo usa sneakers (que por DEUS, desde sempre significaram “tênis”
e não aquela mutação genética), spikes (que agora se chamam studs) e caveiras
(OMG caveiras são tão hardcore e ao mesmo tempo mostra como sou feminina e
descolada!). Acho que todo mundo tem o livre direito de usar o que bem entender,
o que critico é como essa fixação acaba fechando o mercado para enfim, para
todo mundo que quer ter a própria personalidade. E eu nem falo dos
consumidores.
Ao longo da minha curtíssima vida tive a sorte de conhecer
pessoas comuns como eu e você com uma genialidade incrível para o que diz
respeito à arte. Antes de qualquer coisa, quando eu digo arte, me refiro à
capacidade e criatividade de expor em qualquer tipo de forma aquilo que a
pessoa traz dentro de si. Ok, esclarecido isso, continuando. Essas pessoas
seguiram suas respectivas vidas e foram aperfeiçoando aquilo que faziam de
melhor. Nem sempre era criar ou pintar ou fotografar, mas com certeza não era
nada envolvendo um terninho cinza. Este maldito terninho cinza sufoca qualquer
mente criativa. Conforme fui revendo estes amigos, e também vivendo as minhas
próprias experiências, germinei dentro de mim uma ideia de que o mundo não poderia
ser só isso que vemos, não pode ser que haja uma única regra para *mimimi
aproximadamente* sete bilhões de pessoas no mundo. Fotógrafos e ilustradores NÃO
TEM que ser publicitários, e designers de moda (desenhistas, criadores,
fashionistas) NÃO TEM que seguir as Fashion Weeks da vida. Sim, este é o
caminho mais fácil, mas não é regra. Meu ideal é criar um mundo novo, e não ser
mais uma em um mundo pseudo-inovador onde todo mundo usa Instagram.
Então, por que eu resolvi estudar e seguir a carreira de
moda? Porque eu resolvi dedicar a criação do meu próprio mundo aos tecidos, e
às vestimentas. Porque quando acordamos, é vital nos vestir antes de sair. É a
nossa máscara. E não é justo para alguns de nós que essa “máscara” não possa
representar aquilo que realmente somos, e não algo que seremos apenas por 3, 4,
6 meses, até que a próxima coleção venha. E que o mundo não é justo já cansamos
de saber, mas mesmo assim ele precisa ser cinza? Vivemos 5, 6 dias das nossas
semanas (quem eu quero enganar? Trabalhar hoje em dia é MUITO mais que isso)
vestidos para os outros, agindo para os outros, sendo o que fomos criados para
ser para os outros. E se um dia percebêssemos que o céu é uma grande lona e
estamos todos sendo filmados? E que a vida é muito maior do que trabalhar para
pagar as contas? Que o nosso intelecto é muito maior do que olhar desfiles e
copiar os looks? O que eu trago aqui para vocês nesses meses é aquilo que eu
consigo de encontrar de diferente no meio das Diors e Chanels (Chanel que me
perdoe, mas que é sacal É.). As vezes encontro alguma outra coisa genial, que
não tem nada diretamente a ver com moda, e as vezes não encontro nada. E daí
não posto nada. Mas a ideia é filtrar as mentes mais mágicas (brisadas?) daquilo
que o resto do mundo está adorando.
Booom... Já falei demais para um dia só, e se ninguém
estiver dormindo ainda, trouxe algum pouco material de artistas da vida real,
em carne e osso, que me inspiram de verdade para continuar a vida sofrida e
pouco lucrativa de criar-modelar-costurar. Enjoy!
Mariana Barossi